histórias da minha vida (1)


















Verifico com gáudio que, aos 23 anos, já reúno no meu acervo um considerável número de histórias que dão que pensar. Que a mim me dão que pensar. Quero contá-las.

Esta passou-se em Bordéus (algumas das minhas histórias são passadas em lugares longínquos).

Eu e uma amiga minha dinamarquesa (mais internacionalizações...) passámos uma semana de férias entre duas semanas de trabalho árduo nas vindimas. Foi uma semana agradável em que não tivémos que nos esforçar, tinhamos um apartamento à nossa disposição - emprestado - e dinheiro na carteira ganho da forma mais saborosa - trabalhando com suor.

Tentámos visitar museus mas encontrámos uma loja em liquidação completamente total - nem eu nem ela gostamos de gastar muito dinheiro em roupa, mas como qualquer outra rapariga até gostamos de ir às compras. Entrámos e andámos por lá a ver coisas, cada uma para seu lado e logo a seguir encaminhámo-nos uma para a outra a rir:
- Olha estes calções custam... 30cts!
- E esta camisola custa 70cts!!
Uma loucura. Havia montões de roupas e montões de mulheres.

Comprámos várias coisas mas isso não interessa para nada. Nada do que eu contei até agora interessa para alguma coisa. O que conta para alguma coisa é o que eu vou contar agora:

De entre as mulheres que compravam havia várias indianas. De entre as roupas à venda havia uma secção de vestidos de noiva. Vimos mulheres indianas a experimentar vestidos de noiva em liquidação total e a comprá-los por 20euros. ISSO A NÓS FEZ-NOS MUITA CONFUSÃO.

Como é que a duas raparigas que não ligam assim muito a roupas nem, penso eu, a casamento de sonho com vestido feito à medida e que custam várias centenas de euros, nos faz impressão uma cena daquelas? Na altura perguntei-me. Agora respondo-me.

O que faz confusão é a misturada. Indianas a vestir vestidos de casamento de estilo ocidental mas comprados em saldo com o tamanho disponível, só porque são do estilo que elas sonhavam ter e que para nós ocidentais verdadeiras não só são feios como o facto de serem adquiridos assim ainda lhes retira o último resquício de encanto. Para nós está tudo trocado. Para elas é um sonho ao alcance das suas carteiras. Quando nós sabemos que na Índia há casamentos verdadeiramente de sonho.

É que isto da trocas interculturais é mesmo lindo. Andamos mas é todos apaixonados uns pelos outros, ocidente pelo oriente e o oriente pelo ocidente. Mas tal como todos os apaixonados somos muito toscos e muito trapalhões nesta nossa aproximação. O fascínio é grande.

2 comentários:

Unknown disse...

O fascínio pelo diferente.

ah,, deviam ter experimentado tb um :D

Aurora disse...

devíamos ter comprado
por 30 euros...