bolorzinho...


a vida é o bolor da Terra

tudo se transforma

transfomer
somos ocidentais
e herdámos, por um lado
a ideia de que o essencial não tem imagem
-não há imagem para Deus, apenas símbolos-
por outro lado, da cultura greco-latina
a paixão muito erótica pela representação.

ícones, estátuas, gravuras, pinturas, desenhos
esquemas
logo desde crianças aprendemos o que é a neve
o que é o elefante
e o leão
em lindos desenhos estampados nos livros.

assentamos a educação e o conhecimento
em bases estabelecidas
e de princípios imutáveis.

partimos de princípios
com a ideia de que haverá fins.

manejamos a realidade com referências fixas
e até à criatividade é deixado apenas o espaço que esta palavra lhe dá

porque mesmo as palavras são feitas de pregos de letras
onde se martelaram sentidos e significados.

mas os nossos esquemas nunca abrangerão tudo
nada assenta em coisa nenhuma
e um limite é coisa que nunca existiu
tudo é posto em causa constantemente.
este é um mundo de mutações
a todos os níveis e em todas as escalas
e abençoados nós que somos embalados neste doce transformar

da existência - a minha

sei que pareço muito inteligente e perspicaz com respostas ou afirmações que faço
sei que pareço burra e lenta com dúvidas e interrogações que coloco
sei que pareço atinadinha com a minha vidinha pouco wild side
sei que pareço desgovernada por não levar uma vida burguesa
sei que pareço empreendedora por ter projectos e por escrever e por ter ideias
sei que pareço preguiçosa por não ter um emprego
sei que pareço limpinha por não ficar uma semana sem tomar banho
sei que pareço javardolas por não tomar banho todos os dias
sei que pareço culta por ler livros
sei que pareço inculta por não passar a vida a ler
sei que pareço levar uma boa vida por viver aqui onde vivo
sei que pareço ter uma vida enfadonha por tomar conta da casa e de um filho
sei que pareço mãe galinha por dar de mamar e estar sempre perto dele
sei que pareço negligente por ele às vezes ter camisola suja ou andar descalço
sei que pareço fútil por gostar de historietas de cordel e por gostar de moda
sei que pareço desmazelada e arrapazada por me vestir mal e não me importar com isso
sei que pareço bonita por ter cabelos aos caracóis e um corpo saudável
sei que pareço feia por usar óculos e não ter os dentes direitos
sei que pareço rude por ser tímida
sei que pareço simpática por sorrir muito às pessoas
sei que pareço indiferente por manter o lábio superior rígido
sei que pareço muito interessada em coisas banais
sei que pareço mal agradecida por não encontrar forma de agradecer o que aprecio
sei que pareço dar muito valor a gestos que não foram com essa intenção

eu sei isso
e gostava que vocês também soubessem.



p.s
sei que pareço egocêntrica e é verdade
mas também já percebi que ter um filho é toda uma jornada para deixar de o ser
e como isso é belo!

adaptações


Ontem, estava a pensar enquanto lavava a loiça.
(Sabem quais são as mulheres que pensam mais? - Pois é, embora não pareça)
E enquanto pensava percebi que há uma coisa que não gosto nada e acho mesmo que é um desperdício de energia. Essa coisa são as

ADAPTAÇÕES

prefiro bem mais as

INVENÇÕES.

Ainda ponderei sobre as adaptações às circunstâncias, mas é evidente que também prefiro as invenções às circunstâncias.

Mas as adaptações que odeio mesmo mais são as adaptações literárias e as adaptações cinematográficas. Blergh...

às vezes

o estado enervado de uma pessoa aumenta a um ponto que quase parece sem retorno
outras vezes a preguiça deixa cada músculo do corpo e da mente num estado que parece eternamente vegetativo

mas na maior parte do tempo estamos semi-rígidos, semi-activos, parcialmente atentos, moderadamente confusos, um pouco cansados mas com forças para continuar; capazes de sorrir e de censurar, de esquecer e de lembrar, sem ressentimentos à flor da pele e sem gratidões especialmente sentidas.

essa maior parte do tempo esvai-se sem que nos recorra em lembranças mais tarde.
essa maior parte do tempo é a vida.

e ela é a resposta para estas perguntas da Björk:

"His embrace, a fortress
It fuels me
And places
A skeleton of trust
Right beneath us
Bone by bone
Stone by stone
If you ask yourself patiently and carefully:
Who is it ?
Who is it that never lets you down ?
Who is it that gave you back your crown ?
And the ornaments are going around
Now they're handing it over
Handing it over
He demands a closeness
We all have earned a lightness
Carry my joy on the left
Carry my pain on the right
If you ask yourself patiently and carefully:
Who is it ?
Who is it that never lets you down ?
Who is it that gave you back your crown ?
And the ornaments are going around
Now they're handing it over
Handing it over"

seja onde for


1º não há descanso
depois só há descanso

edição de natal

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da existência


não é o que fazemos que faz de nós o que somos
não é o que parecemos que faz de nós o que somos
nem mesmo aquilo que achamos ser

aquilo que somos é sempre volátil, variável, insondável e eternamente questionável

o que vale a pena
é ser
e não compreender