mas não têm Caroço
Flores e Laranjas
mas não têm Caroço
carris e metro
- a viagem parece mais curta *
- dá menos trabalho entrar num autocarro do que no metro **
- as pessoas estão mais desinibidas ***
- (no meu caso se fosse de metro tinha que mudar e indo de bus não tenho)
* mesmo que a viagem seja mais longa ou mais morosa por haver trânsito, como temos coisas com que entreter os olhos e a mente fora das janelas, ela parece sempre mais curta
** trabalho que dá entrar no autocarro: ir até à paragem. esperar, entrar no autocarro e passar o cartão. trabalho que dá entrar no metro : ir até à paragem, descer um lance de escadas, passar o cartão, passar a porta, descer outro lance de escadas, esperar, entrar no metro (isto quando não há mais lances de escadas)
*** não sei a razão disto, mas o certo é que é verdade
isto é uma das muitas questões de economia pessoal com que uma pessoa na cidade se debate
abrir os cofres
a espera
Lisboa II
- a estação de comboios de Benfica tem sempre tanto vento que até dá raiva
- a estação de comboios de Sete Rios é muito feia e desorganizada por dentro
- a estação de comboios de Entrecampos tem o mesmo problema que a anterior
- estas três estações são todas a seguir umas às outras na linha de Sintra.
não gosto de dizer mal mas ainda gosto menos destas estações.
Passeio da Fama
do privilégio de ver
Já falei aqui uma vez sobre a televisão e a realidade. De se poder ver coisas na televisão que não se podem ver na realidade, mesmo que se esteja ao pé delas. VER é um privilégio.
Desde há muito tempo que os castelos são construídos nos altos dos sítios. E, mesmo agora que perderam a sua função protectora, as pessoas vão lá acima para VER os arredores. E sobem a torres e compram casas com vista para aqui e para ali. O tamanho das janelas mostra a diferença entre um prédio de habitação social e de um de luxo.
Os bilhetes no teatro, futebol e outros espectáculos são, claro tanto mais baratos quanto pior se vê. E etecetera.
Assim era até aparecer o cinema e a televisão. Em que tudo é mostrado a toda a gente, do mesmo ponto de vista. Aliás: do MELHOR ponto de vista. O da câmara. E então as pessoas passaram a ver tudo: as emoções das princesas em grande plano, vistas de satélite, pisaram a Lua, desceram aos Oceanos, foram ao antigo Egipto, afundaram-se com o Titanic, viram mil maneiras de fazer amor, aprenderam a fumar e a beijar e tantas outras coisas.
Uma pessoa fica de tal forma habituada a essa democracia que não percebe como é que é possível só haver um Palácio da Pena. Ainda há muitas coisas que não podemos ver, nem mesmo num ecran. Com um ecran não se pode viver no Palácio da Pena, e é bem capaz de ser o melhor sítio do mundo para se estar. Com um ecran não veríamos a vista que se terá de lá.
Nada está democratizado, embora a câmara de filmar às vezes dê essa impressão. Mas não é mau. Afinal quase podemos ser todos um bocadinho kings of the world. Pelo menos podemos imaginar melhor como seria.
Redondo Escandinavo?
Espécie de Humanos
Se olharmos para nós como um todo, as coisas sentem-se de outra maneira. Falo dos humanos enquanto espécie. Segundo sei, as espécies vivas, ao longo das suas gerações, estão em constante transformação, o que advém, principalmente, do meio ambiente onde estão e da sua forma de viver nele. Só como exemplo: os tibetanos estão mais aptos que nós para viver em altitude – mesmo que vivam ao nível do mar. A vida adapta-se às “contrariedades”, tornando-as banalidades.
Isto vem a propósito de um tema considerado fundamental: a saúde. Porque temos que comer isto e aquilo e fazer tal e coiso, se não…
De certeza que, há 150 mil anos, nenhuma pessoa queria, devia ou precisava de fazer jogging. Mas hoje em dia isso é necessário – é o que se diz. Porque os hábitos mudaram. Mas os hábitos já andam a mudar desde sempre. E isso é que nos tornou nestas criaturas que aqui vemos. A menos que queiramos a todo o custo continuar a ser iguais amanhã ao que somos hoje, não vale a pena preocupar-nos muito, porque o mundo há-de ir dar a algum lado, e não importa muito o que seja. O que se aplica em aqui é: “o que não mata, engorda”.
- trata-se de confiar plenamente na (e deixar o trabalho todo para a) chamada selecção natural -
É claro que isto é num sentido global, porque se quiserem ter as vossas egoïstices e serem super-saudáveis vocês mesmos, egoïstem-se praí, que também é fixe.
Esta placa foi posta na nave Pioneer 10, com uma mensagem desenhada para o caso da nave ser interceptada por extra-terrestres. Contém figuras de seres humanos nus e símbolos que tentam explicar a origem da nave. A nave descolou em 1972, continuou a enviar dados até 2005, nessa data encontrava-se à distância de 89,7 Unidades Astronómicas do Sol. Cada UA corresponde à distância Sol-Terra.
(o que segue é copy paste da wikipedia):
Physical properties:
Material: 6061 T6 gold-anodized aluminum
Width: 229 mm (9 inches)
Height: 152 mm (6 inches)
Thickness: 1.27 mm (0.05 inches)
Mean depth of engraving: 0.381 mm (0.015 inches)
Weight: approx. 0.120 kilograms
Marôvas
um poema tão verdadeiro como qualquer outro
os feios procuram a beleza
os belos procuram a bondade
os bons procuram a loucura
os loucos encontram a eternidade
Arquitectos de casamentos
O primeiro plano do "querido Carlos Alberto" é de uma pequena noiva com um fundo feito pelo Calatrava (Estação do Oriente).
Em Valência, onde o Carlos Alberto foi este fim de semana, há montões de noivas a sério a serem fotografadas na Cidade das Artes e das Ciências, do Calatrava.
Há os fotógrafos de casamentos.
Podia haver mais arquitectos de casamentos.
Piadas, piadinhas e comédia
"O que eu gosto é dos filmes para rir." anónimo
Há uma profissão, a mais antiga do mundo, que é a de fazer rir as pessoas. Abençoada profissão é essa. Não é muito difícil provocar umas gargalhadas, mas não é nada fácil fazer das gargalhadas profissão. Ignorando à partida todos os que vivem de peidos, piadas ordinárias, racistas, machistas, e outras escatologices do género, já não nos sobram muitos humoristas. Se desses retirarmos ainda os que se resumem às piadas faladas ficamos na mão com um reduzidíssimo número de pessoas das melhores que existem no mundo. São os cómicos. Os verdadeiros.
Esses não se servem de esquemas, mas sim do seu sentido de humor. São os primeiros a rir. São de todas as pessoas do mundo, as mais inteligentes. É preciso sê-lo para fazer uma coisa para a qual não há explicação. O que é que faz rir as pessoas? A única resposta a isto é de La Palice: as coisas engraçadas. Ou se é engraçado ou não se é. O que faz com que seja uma profissão assaz complicada. Porque o que é engraçado à hora de almoço já não tem piada à hora de jantar. Tem piada uma vez, duas e depois chega. Todos nós já ouvimos isso quando repetimos um esquema que, normalmente nem sabemos como, funcionou uma vez.
Herman José é o nosso exemplo mais próximo e óbvio. Foi um cómico, hoje é um profissional da TV sem piada nenhuma. O que não lhe tira o mérito pelas gargalhadas de outros tempos - e as de agora quando voltamos a ver algumas das suas coisas. Mas os cómicos não costumam ficar para a história. Os seus feitos são retroactivos. Quem quer saber agora que o não sei quantos fez rir muito em 1487? Óptimo para quem se riu dele e óptimo para ele que fez rir os outros!
Com o aparecimento das imagens gravadas é claro que o caso muda de figura. Porque podemos ver o Buster Keaton e rir com ele. As glórias passadas são glórias eternamente presentes - quando o são, porque muitos cómicos do princípio do cinema não resistiram à passagem do tempo.
O mesmo se passa com outros actores, os das tragédias e dos filmes nem sim nem sopas. Mas o que é interessante é que a comédia é o mais popular dos géneros, o que chama mais gente aos espectáculos (e à tv e ao cinema) e por isso é de todos os géneros, o que mais directamente pode reflectir a vida das pessoas e fazê-las pensar em si próprias. No seu ridículo. Mas de uma forma que não magoa ninguém. Nem deprime. Faz rir. A rir, o mundo pula e avança.
Nestes dias que correm, os cómicos portugueses que vingam são os 4 ali de cima. 4 génios que ficam, pelo menos, para a história da televisão. Por enquanto, assistimos à idade de ouro dos gatos fedorentos. Isto pode continuar ou pode mudar. Mas o que interessa é que o país se ri, pula e avança. Agora, que é sempre a altura em que isso faz mais falta.
Leilão de Sonhos
Mas desta vez abro excepção. Porque há coisas muito boas na internet - a nossa iguariavisual é aliás prova disso (mas com classe).
Quem quiser uma experiência de sonho, faça o favor de licitar. O Paulo Pires, claro, vai receber por esta experiência do inferno. Mas estará a sorrir, quando for passear os cães dessa vez. A sorrir e bem-disposto. Porque essas coisas pagam-se e compram-se.
E vendem-se.
E, principalmente... fotografam-se!!!!
Experiências de sonho......
Nesta esquina
O drama da assembleia
O verdadeiro público, o que interessa, é o que está à frente da TV, ao lado do rádio, atrás do jornal. E digo isto como se não fossem os mesmos que vão assistir à AR! Mas estes são muito poucos, deputados estão lá para falar para as massas, sobre a gestão da massa e para ganhar muita massa. massocracia?
Quando olho, por decima da balaustrada, para aqueles actores, vestidos e penteados, engravatados, imagino a senhora que lhes lava a roupa e a passa a ferro. Não pelo lado comunista da coisa, mas pelo lado dramático. Interessamo-nos pelas coisas pelo seu dramatismo e é por isso que nos interessa a assembleia da república. –sim porque a AR em si não tem interesse nenhum!- Se não fosse a ideia/ilusão/crença que o que ali se faz é o que mais influencia os nossos destinos e se não fosse por todo o país pagar àqueles artistas para representarem o seu papel, e, sobretudo, levarem-no a sério, aquele era um espectáculo sem sucesso. Porque o que dizem é chato. Contudo, são excelentes actores (uns mais que outros), porque se o não fossem não conseguiríamos aguentar aqueles longos monólogos, ainda que moderados por uma máquina que conta os tempos pelo presidente. Monólogos daquele tamanho, não digo no teatro, mas no cinema eram vaiados. Só por causa do tamanho, logo, ainda antes do conteúdo. Eram vaiados. Portanto eles são mesmo excelentes actores – ou então o público é mais exigente no cinema do que na assembleia. Talvez porque sabe/acredita/acha que o que se passa no cinema não influencia em nada os nossos destinos.
E o amor/dedicação/paciência da senhora que passa as roupas do doutor a ferro? Não influencia o destino de ninguém? Pelo menos acho que é para isso que lhe pagam.
http://ilhascook.blogspot.com/
2007, desejos e pensamentos
Em Janeiro abrirei
o frigorífico
e pensarei:
assim é ser-se humano
tá tanto frio lá fora
e cá dentro gastamos energia
para ter o que há de borla no exterior.
Em Fevereiro
verei as arvorinhas a despontar botõezinhos
e pensarei:
que bonito é começar, sempre começar.
Em Março Marçagão
vai ser o dia da árvore
e eu pensarei:
tantos folhetos e cartazes para salvar árvores
assim as matamos para limpar as nossas consciências.
(como se alguém tivesse alguma vez
levantado o dedo do ralhete ao ser humano este).
Em Abril
vai ser o 25 de
e eu pensarei aquilo que pensamos todos sempre.
Viva a (avenida da) liberdade.
Em Maio
vou andar de t-shirt e pensar:
como era bom o calor directo na pele,
há meses que o não sentia.
Em Junho
vou começar a gostar um bocadinho menos de Lisboa
e a culpa não é dela
é de eu gostar de a ver com pessoas
e não gostar de a ver com pouca gente.
Em Julho
vou pensar
azul.
Em Agosto
vou pensar
laranja.
Em Setembro vai tudo voltar
e vai haver tanta promessa no ar
e
eu vou pensar como sempre pensei
que Setembro é mês mais característico do ano.
Em Outubro
vou começar a pensar naquilo do frigorífico
ou pensar "que calor que ainda faz, nem parece Outubro".
Em Novembro
vou esperar até ao fim do mês que chegue a bolsa de dois meses e pensar...
ah, eu sei o que vou pensar!!!!
Em Dezembro
vou pensar em luzinhas e em tantas outras coisinhas.